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Preta Gil Morre aos 50 Anos: Legado da Cantora
Preta Gil faleceu aos 50 anos após uma luta contra o câncer. Descubra o legado da talentosa cantora, empresária e filha de Gilberto Gil, que deixou uma marca indelével na música brasileira.
FALA AÍ, GALERA!
PAMELA GOMES
7/21/20256 min ler
Preta Gil
Preta Gil nasceu em 8 de agosto de 1974 e faleceu em 20 de julho de 2025, aos 50 anos, em Nova Iorque, Estados Unidos. A cantora estava em tratamento contra um câncer no intestino.


O Último Acorde: Preta Gil e o Legado de uma Guerreira da Música Brasileira
Há momentos na vida em que as palavras parecem insuficientes para capturar a magnitude de uma perda. Este domingo, 20 de julho de 2025, tornou-se um desses dias para a música brasileira. Preta Gil, aos 50 anos, encerrou sua batalha corajosa contra o câncer, deixando um vazio que ecoa muito além das quatro paredes de um estúdio ou do palco de um show.
Não é apenas sobre o fim de uma carreira brilhante. É sobre o silêncio repentino de uma voz que, por três décadas, traduziu em melodia e verso a complexidade de ser mulher, negra e artista no Brasil. Uma voz que ousou falar quando muitas se calavam, que cantou quando outras apenas sussurravam.
A Filha que Construiu seu Próprio Caminho
Ser filha de Gilberto Gil poderia ter sido uma benção ou uma maldição artística. Para muitos, carregar um sobrenome tão pesado na música brasileira seria um fardo impossível de suportar. Preta transformou isso em combustível criativo, construindo uma identidade artística única que honrava o legado paterno sem jamais se esconder atrás dele.
Nascida Preta Maria Gadelha Gil Moreira em 8 de agosto de 1974, no Rio de Janeiro, ela cresceu respirando música, mas escolheu trilhar caminhos próprios. Enquanto Gil pai navegava entre o tropicalismo, o rock e os ritmos regionais, Preta mergulhou de cabeça no axé, no samba e no pop, criando uma sonoridade que era genuinamente sua.
(Confesso que sempre admirei essa coragem de não seguir uma fórmula pronta – é mais difícil do que parece criar uma identidade quando você tem um gênio musical como referência paternal.)
Mais que uma Cantora: Uma Empresária Visionária
Aqui está algo que muita gente não sabe: Preta Gil não era apenas uma artista talentosa. Era uma empresária astuta e visionária, fundadora e sócia-diretora da Music2Mynd. Numa indústria musical dominada por homens, ela não apenas cantava sobre empoderamento – ela o praticava nos bastidores, construindo pontes entre artistas e público, criando oportunidades onde antes só existiam barreiras.
Sua empresa não era apenas um negócio; era uma extensão de sua filosofia artística. Acreditava que a música deveria ser democratizada, que talentos emergentes mereciam as mesmas oportunidades que nomes já estabelecidos. Era uma mulher à frente de seu tempo, entendendo que o futuro da música passava pela diversidade e pela inclusão.
A Guerreira Transparente
Em janeiro de 2023, Preta fez algo que poucos artistas têm coragem de fazer: anunciou publicamente seu diagnóstico de câncer colorretal. Não foi uma decisão fácil – expor sua vulnerabilidade num mundo que frequentemente exige que celebridades mantenham uma fachada de perfeição.
Mas Preta escolheu a transparência como forma de resistência. Durante quase dois anos, ela dividiu com o público cada etapa de sua jornada: as cirurgias, os tratamentos, as esperanças, os medos. Suas redes sociais se tornaram um diário íntimo de uma batalha que muitas pessoas enfrentam em silêncio.
Na verdade, pensando melhor, talvez esta tenha sido uma de suas maiores performances artísticas – não no palco, mas na vida real. Ela transformou sua luta pessoal em uma fonte de inspiração coletiva. Quantas pessoas encontraram força nas palavras dela durante seus próprios tratamentos? Quantos pacientes se sentiram menos sozinhos porque uma estrela da música brasileira estava passando pelo mesmo calvário?
O Tratamento nos Estados Unidos e os Últimos Meses
Após uma cirurgia em agosto de 2024 para remoção de tumores, Preta e sua família tomaram a difícil decisão de buscar tratamento experimental nos Estados Unidos. Era uma corrida contra o tempo, uma aposta na esperança quando as opções convencionais se mostraram insuficientes.
Nova York se tornou sua segunda casa nos primeiros meses de 2025. Ali, longe dos palcos brasileiros que a consagraram, ela continuou lutando com a mesma determinação que a caracterizou durante toda a carreira. Os tratamentos eram experimentais, promissores em teoria, mas brutais na prática.
Em fevereiro de 2025, após 55 dias de internação, ela recebeu alta hospitalar. Por alguns momentos, a esperança pareceu mais forte que a doença. Suas mensagens nas redes sociais transmitiam gratidão aos médicos, carinho pela família e fé no futuro. Mas o câncer, esse adversário implacável, tinha outros planos.
O Fim de uma Era
A piora do quadro começou na quarta-feira, 16 de julho. Quatro dias depois, no domingo, 20 de julho de 2025, Preta Gil partiu em Nova York, cercada pelo amor da família que correu para estar ao seu lado. Gilberto Gil, o pai que sempre foi seu maior fã, enfrentou não apenas a dor da perda, mas também complicações de saúde causadas pelo impacto emocional da notícia.
Agora, a família organiza a repatriação do corpo – uma última viagem da filha que levou a música brasileira para o mundo. O Governo do Rio de Janeiro decretou três dias de luto oficial, um reconhecimento tardio, talvez, mas necessário de sua importância cultural.
O Legado Além da Música
Você já parou para pensar no que realmente define o legado de um artista? Não são apenas as canções que ficam na memória ou os discos vendidos. É a capacidade de tocar vidas, de fazer com que pessoas se sintam representadas, compreendidas, menos sozinhas neste mundo.
Preta Gil conseguiu isso de forma magistral. Ela foi pioneira em falar abertamente sobre questões que muitos consideravam tabus: saúde mental, relacionamentos, maternidade, empreendedorismo feminino, racismo na indústria musical. Não era apenas entretenimento – era militância disfarçada de arte.
Sua música transitava entre gêneros com a mesma facilidade com que ela transitava entre papéis: cantora, empresária, apresentadora, mãe, filha, mulher. Nunca se deixou encaixotar em uma única definição, sempre se reinventando, sempre surpreendendo.
A Força de uma Despedida Anunciada
Há algo profundamente tocante na forma como Preta enfrentou seus últimos anos. Ela poderia ter se escondido, poderia ter vivido seus dias finais longe dos holofotes. Em vez disso, escolheu fazer de sua batalha contra o câncer uma extensão de sua arte – crua, honesta, transformadora.
Suas últimas postagens nas redes sociais eram pequenas obras-primas de coragem e vulnerabilidade. Ela falava sobre dor, mas também sobre gratidão. Sobre medo, mas também sobre esperança. Sobre a fragilidade da vida, mas também sobre a força indomável do espírito humano.
(E aqui me pergunto: quantos de nós teríamos essa coragem diante do inevitável?)
O Silêncio que Ecoa
Agora, o que fica é um silêncio peculiar – não o silêncio da ausência completa, mas aquele silêncio grávido de significado que se segue ao final de uma música especial. É o tipo de silêncio que te faz perceber o quanto aquela voz era importante, o quanto aquela presença fazia diferença.
A música brasileira perdeu uma de suas vozes mais autênticas. O empreendedorismo cultural perdeu uma pioneira. A luta contra o câncer perdeu uma porta-voz corajosa. Mas, principalmente, perdemos uma mulher que soube transformar sua vida em arte e sua arte em resistência.
Gilberto Gil, aos 83 anos, enterra uma filha. É uma inversão cruel da ordem natural das coisas, uma dor que nenhum pai deveria experimentar. Mas ele também pode se orgulhar: criou não apenas uma artista talentosa, mas uma mulher que soube usar sua plataforma para fazer a diferença.
Uma Pergunta que Fica
Moral da história: Preta Gil nos ensinou que o valor de uma vida não se mede em anos vividos, mas em vidas tocadas. Ela partiu aos 50, mas deixa um legado que continuará inspirando gerações.
Agora me diz: em um mundo que às vezes parece perdido entre a superficialidade das redes sociais e a dureza da realidade, não precisamos de mais pessoas como Preta Gil? Pessoas dispostas a ser vulneráveis, autênticas, corajosas?
A resposta está no eco de sua música, que continuará soando muito além do último acorde desta despedida.
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