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As Gravadoras Realmente Influenciavam a Programação das Rádios?
Como funcionava a engrenagem entre hits, jabá e poder nos tempos do Radio raiz dos anos 80.
RADIO
SERGIO DUARTE - RADIALISTA
10/18/20258 min ler


🎙️ O que os bastidores do rádio dos anos 80 escondiam
Imagine o Rio de Janeiro nos anos 80. O sol refletindo nos carros que cruzavam a Avenida Atlântica, as calçadas cheias, o walkman pendurado no cinto e, claro, o som da 98 FM, da Rádio Cidade, da Manchete FM ou da Tropical ecoando em cada esquina. O rádio era o termômetro da cidade — e também o campo de batalha das gravadoras.
Mas será que as gravadoras realmente mandavam na programação das rádios?
A resposta não é simples. E quem viveu aquele tempo sabe: havia mais acordos de bastidores do que qualquer relatório do Ibope conseguiria mostrar.
🎧 O Rádio Como Vitrine e Arma de Promoção
Nos anos 80, uma música não existia se não tocasse no rádio. Era ali que os sucessos nasciam, se espalhavam e definiam o que seria o verão carioca. A televisão ainda não tinha o poder de viralizar sons; o rádio era a rede social da época.
As gravadoras — grandes nomes como CBS, Polygram, RCA, Som Livre e Odeon (hoje EMI) — sabiam disso. E disputavam cada minuto de execução como quem briga por espaço nobre na TV.
Havia promotores de gravadora que passavam o dia inteiro visitando emissoras, levando discos, almoçando com programadores e diretores artísticos. O objetivo era um só: convencer a rádio a tocar o lançamento.
“Ser adicionado à programação” era o verbo mágico. E conseguir isso podia significar o sucesso — ou o esquecimento — de um artista.
💼 Os divulgadores e o “Trabalho de Rua”
Se você entrasse em qualquer emissora naqueles dias, era comum ver o “cara da gravadora” chegando com um pacote de LPs debaixo do braço. O divulgador conhecia todo mundo, do locutor ao porteiro. Levava material promocional, brindes, ingressos e — em alguns casos — aquele famoso “agrado” que ninguém admitia em público.
A relação era quase de parceria: o rádio precisava de novidade e a gravadora precisava de exposição.
Mas também havia competição. Muita.
Algumas gravadoras tinham departamentos inteiros dedicados à promoção de rádio.
Outras se apoiavam em “amizades estratégicas”.
E, claro, sempre existiam as rádios com políticas mais rígidas, que só aceitavam incluir músicas após testes de audiência ou votação dos ouvintes.
🔥 O Mito (e a Realidade) do Jabá
Nenhum assunto causa tanta polêmica quanto o jabá — o pagamento informal para garantir que uma música toque mais vezes ou entre na programação.
Nos anos 80, essa prática existia, sim. Mas nem sempre na forma direta de “dinheiro por execução”. Às vezes o jabá vinha em forma de troca de favores, apoio a eventos, shows gratuitos ou patrocínios disfarçados.
Havia também uma espécie de “pressão de mercado”:
se todas as rádios tocavam o novo hit da CBS, como outra gravadora ... o ficaria de fora, como exemplo (ilustrativo...) ?
O telefone (as vezes manipulado por vozes estranhas) cobrava, os artistas pediam, e a rotação se tornava inevitável. Assim, a influência das gravadoras não era apenas financeira — era simbólica, estratégica e cultural.
Uma provocação:
as plataformas digitais fazem o papel que as gravadoras faziam no rádio?
Quem escolhe o que ouvimos agora — o público ou os sistemas de recomendação?
🎙️ A Influência Nunca Acabou — Só Mudou de Forma
As gravadoras realmente influenciavam a programação das rádios, sim.
Mas seria injusto dizer que “mandavam”.
Elas negociavam, pressionavam e investiam — dentro de um jogo complexo em que o rádio também tinha poder e personalidade.
Os programadores decidiam o que tocava, os ouvintes reagiam, e o Ibope dizia quem estava certo.
Era uma dança de interesses — às vezes suja, às vezes genial — que moldou a trilha sonora de uma geração inteira.
Hoje, olhando para trás, dá pra entender por que tanta gente ainda sente saudade daquele tempo.
Não era só sobre música.
Era sobre descoberta, influência e paixão — o rádio falando direto ao coração, e as gravadoras tentando, de todos os jeitos, fazer parte dessa conversa.
📻 Quando a 98 FM Virou Referência
A 98 FM, no Rio, foi um fenômeno.
Jovem, ousada e conectada ao som da cidade, ela liderava o Ibope e ditava o que o carioca ouviria no final de semana. Tocava de Lulu Santos a Paralamas, de Barão Vermelho a Kid Abelha, e ainda abria espaço para o funk e o pop internacional.
Segundo registros da época, a emissora teve picos históricos de audiência — chegando a disputar a liderança geral com rádios AM, algo raríssimo.
Era a era de ouro da FM.
E, claro, isso atraía todas as gravadoras. Ser tocado na 98 FM significava chegar ao topo.
Muitos artistas lembram até hoje que o sucesso começou quando ouviram, pela primeira vez, seu som rodando ali.
Relato de Marco Ramalho: "Foto da festa da Rádio 98 na Quinta da Boa Vista. Mais de 600 mil pessoas. Tivemos que pedir através da Rádio para as pessoas irem para o local, pois não tinha mais espaço. Artistas que foram a festa : Legião Urbana, Lulu Santos, Tim Maia, Angélica....não lembro dos outros." (foto da galera. Neste evento perdi a foto... Meu O voo atrasou de Salvador para o Rio. Mas vale o registro desta foto histórica.


Ao Vivo
🎶 O Papel dos Diretores Artísticos
Se as gravadoras eram o poder econômico, os diretores artísticos e programadores das rádios eram o filtro — os “curadores” de uma geração inteira.
Eles decidiam o que tocava, com base em feeling, pesquisa e — às vezes — relações de confiança.
Alguns eram respeitados quase como DJs de culto.
Outros eram mais políticos, equilibrando os interesses da audiência e das gravadoras.
Mas o ponto é: havia poder de decisão local, sim.
Nem toda rádio aceitava pressão. Algumas faziam questão de testar cada música antes de incluí-la.
Outras preferiam seguir o ritmo das gravadoras, que já vinham com campanhas prontas, capas chamativas e anúncios em revistas.
🎤 Bastidores, Pressões e Acordos de Porta Fechada
Os bastidores tinham de tudo: de ligações insistentes a promessas de exclusividade.
As gravadoras apostavam em estratégias de lançamento coordenadas — às vezes com datas de estreia simultâneas em várias emissoras, criando um “efeito avalanche”.
Quando uma rádio importante dava o “start”, as outras seguiam por medo de parecer desatualizadas.
Era o algoritmo humano da época.
Havia também as ações promocionais conjuntas — shows patrocinados, sorteios, entrevistas ao vivo.
A rádio ganhava engajamento, o artista ganhava visibilidade, e a gravadora garantia o retorno.
Mas nem tudo era glamour.
Muitos profissionais da época lembram das pressões intensas e da dependência econômica das rádios em relação às gravadoras, especialmente as menores, que precisavam de patrocínios para sobreviver.
🧠 Informação, Estratégia e Pesquisa
No meio disso tudo, o IBOPE era o grande juiz.
As emissoras viviam de suas posições nos rankings. Subir meio ponto já era motivo para festa — cair, um pesadelo.
Por isso, cada decisão de programação era pensada:
“Será que esse single vai segurar o público?”
“Essa música combina com o estilo da rádio?”
“Vale arriscar algo novo ou seguir o que está tocando na Cidade?”
As gravadoras sabiam disso e entregavam relatórios, pesquisas e dados para mostrar o potencial de cada artista.
Era o marketing musical antes do streaming.
📀 Quando o Disco Virava Ouro — e a Rádio Era Parte da Equação
Nos anos 80, vender 100 mil cópias era sinônimo de sucesso.
Mas ninguém vendia sem o rádio.
As lojas de discos sabiam: se a música tocava o dia inteiro na 98, na Manchete ou na Cidade, o estoque acabava no fim de semana.
Gravadoras como Odeon, Polygram e CBS investiam pesado em promoções com locutores, jingles e eventos.
Alguns artistas chegavam a percorrer todas as rádios do Rio no mesmo dia para “agradecer o apoio”.
Era uma corrida por exposição, com planejamento milimétrico.
E, claro, com muito charme de bastidor.
🕰️ O Fim de Uma Era — e o Começo de Outra
Com a chegada dos anos 90, o jogo começou a mudar.
O CD substituiu o vinil, as rádios perderam parte do poder de decisão para as redes nacionais, e as gravadoras começaram a concentrar lançamentos em campanhas televisivas.
Mas o espírito daquele tempo — o contato direto, o toque humano, a empolgação de ouvir uma faixa inédita pela primeira vez — continuou como marca registrada da “geração FM”.
Hoje, com o streaming e os algoritmos, a pergunta volta com outra forma:
as plataformas digitais fazem o papel que as gravadoras faziam no rádio?
Quem escolhe o que ouvimos agora — o público ou os sistemas de recomendação?
🎙️ A Influência Nunca Acabou — Só Mudou de Forma
As gravadoras realmente influenciavam a programação das rádios, sim.
Mas seria injusto dizer que “mandavam”.
Elas negociavam, pressionavam e investiam — dentro de um jogo complexo em que o rádio também tinha poder e personalidade.
Os programadores decidiam o que tocava, os ouvintes reagiam, e o Ibope dizia quem estava certo.
Era uma dança de interesses — às vezes suja, às vezes genial — que moldou a trilha sonora de uma geração inteira.
Hoje, olhando para trás, dá pra entender por que tanta gente ainda sente saudade daquele tempo.
Não era só sobre música.
Era sobre descoberta, influência e paixão — o rádio falando direto ao coração, e as gravadoras tentando, de todos os jeitos, fazer parte dessa conversa.
🪶 Epílogo: Memórias de Um Radialista Carioca
Escrevo isso com o som de um vinil rodando ao fundo.
Talvez seja o mesmo chiado que acompanhava tantas madrugadas na cabine da 98, quando o telefone tocava e alguém pedia “aquela do Barão, por favor”.
O rádio era vivo, pulsava, e cada música tinha uma história por trás — às vezes um empurrãozinho de uma gravadora, às vezes pura intuição de quem estava no ar.
E é por isso que, décadas depois, essa pergunta ainda ecoa:
quem realmente fazia o sucesso — o artista, a rádio ou o público?
Talvez todos.
Ou talvez, como em toda boa história de bastidores, o segredo esteja em não saber exatamente onde termina a influência e começa a magia.
Leia no Substack um complemento detalhado deste artigo : As gravadoras realmente influenciavam a programação das emissoras de rádio? < https://radialistacarioca.substack.com/p/bfa3d05a-b065-46dd-8b5f-b2b9a2b3e8f0?postPreview=paid&updated=2025-10-11T12%3A01%3A40.055Z&audience=everyone&free_preview=false&freemail=true >
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