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Além do Pão de Açúcar
a Trilha da Urca, uma alternativa gratuita e autêntica ao bondinho do Pão de Açúcar. Vistas espetaculares da Baía de Guanabara e do Cristo Redentor, sem multidões e com a satisfação de conquistar o topo caminhando.
PAPO CARIOCA
SERGIO DUARTE - RADIALISTA CARIOCA
9/20/20255 min ler


Sabe aquele momento quando você conta que mora no Rio e todo mundo automaticamente pergunta: "Já subiu de bondinho no Pão de Açúcar?" Como se fosse um ritual obrigatório de carioquice, tipo comer sanduíche de mortadela na praia ou reclamar do trânsito da Rebouças. Mas e se eu te dissesse que existe uma forma muito mais autêntica – e barata – de contemplar essas mesmas vistas de tirar o fôlego?
A Trilha da Urca é o segredo mais bem guardado da Zona Sul. Enquanto turistas desembolsam uma fortuna para subir de bondinho, você pode calçar um tênis e descobrir o Rio de um jeito que poucos conhecem.
O Caminho Menos Óbvio para a Vista Mais Óbvia
Confesso que sempre pensei que a única forma de chegar ao topo do Morro da Urca era através do famoso bondinho vermelho. Até que um amigo – daqueles que conhece cada pedra do Rio – me desafiou: "Vamos subir andando?"
Na verdade, pensando melhor, isso faz todo sentido. O morro sempre esteve ali, muito antes de inventarem o bondinho em 1912. Como será que as pessoas chegavam lá antes? Caminhando, óbvio.
A trilha começa de forma quase despretenciosa na Praia Vermelha, uma pequena enseada protegida que parece mais um aquário natural do que uma praia propriamente dita. É aqui que você entende por que os cariocas têm essa relação tão íntima com a natureza urbana – ela está literalmente na esquina de casa.
O Ritual de Preparação
Antes de iniciar a subida, há um ritual quase obrigatório entre os habitués: dar uma volta pela mureta da Praia Vermelha. É tipo a largada de uma corrida, mas sem pressa. Você observa os mergulhadores se preparando, vê aquele pessoal fazendo exercícios matinais e sente o cheiro salgado do mar misturado com a vegetação da Mata Atlântica.
O interessante é que muita gente passa por ali sem nem suspeitar que existe uma trilha. Procure por uma placa pequena e discreta que indica "Trilha do Morro da Urca". É quase como encontrar a entrada secreta de um clube exclusivo.
A Subida: Uma Conversa Íntima com a Cidade
A trilha em si não é das mais desafiadoras – cerca de 30 minutos para quem está em forma razoável, talvez 45 para quem prefere contemplar o caminho. Mas não se engane: ela tem suas pegadinhas.
O início é uma escalada em pedras que exige certa atenção. Nada de radical, mas é bom ter tênis com aderência decente. Lembro de uma vez que vi um turista tentando subir de havaianas – spoiler: não deu certo.
Conforme você ganha altitude, a cidade vai se revelando em camadas. Primeiro, a intimidade da Praia Vermelha lá embaixo. Depois, a imensidão azul da Baía de Guanabara se abrindo como um leque. E quando você menos espera, o Cristo Redentor surge no horizonte, majestoso e familiar.
As Pausas Estratégicas
Aqui vai uma dica de quem já subiu essa trilha mais vezes do que deveria admitir: faça pausas estratégicas. Não apenas para recuperar o fôlego, mas para absorver a transformação gradual da paisagem.
Há um ponto específico, mais ou menos na metade do caminho, onde você consegue avistar simultaneamente o Cristo, a Lagoa Rodrigo de Freitas e o mar. É um daqueles momentos em que você pensa: "Putz, realmente moro numa cidade absurda."
O Topo: Seu Momento de Glória (Sem Multidões)
Quando você finalmente chega ao topo, há duas opções: ou você se sente um explorador desbravador, ou fica meio frustrado ao ver que tem uma estação de bondinho ali. É tipo escalar uma montanha e descobrir que tem um elevador do outro lado.
Mas aqui está a mágica: você chegou de uma forma diferente. Enquanto os passageiros do bondinho sobem em três minutos, você construiu uma relação com aquela vista. Cada metro de altitude foi conquistado com suas próprias pernas.
A vista do topo é exatamente a mesma que você vê nos cartões-postais, mas com um sabor diferente. É sua. Você a mereceu.
O Fenômeno dos Dois Públicos
Uma das coisas mais curiosas de estar no topo é observar a diferença entre quem subiu de bondinho e quem subiu pela trilha. O pessoal do bondinho geralmente está mais arrumado, tira selfies rápidas e já quer descer. Quem subiu caminhando fica mais tempo, contempla mais, conversa mais.
É como se fossem dois tipos diferentes de turismo na mesma montanha.
Horários Estratégicos e Segredos Locais
Nascer do sol é o momento mais épico para estar no topo, mas significa começar a trilha ainda no escuro – não recomendado para iniciantes. O final da tarde é o sweet spot: menos calor, luz dourada perfeita para fotos e, se você tiver sorte, um pôr do sol que transforma a Baía de Guanabara numa pintura impressionista.
Evite finais de semana ensolarados se você busca tranquilidade. Terças e quartas-feiras são ideais para ter a trilha (quase) só para você.
A Questão da Segurança
Vamos falar sério: não é uma trilha para fazer sozinho se você não tem experiência. Sempre vá acompanhado, leve água, protetor solar e um mínimo de senso comum. A trilha é bem sinalizada, mas acidentes acontecem.
Há um grupo informal de trilheiros que sempre está por ali nas manhãs de sábado. São os "veteranos da Urca" – gente que transforma essa caminhada em ritual semanal. Se você for iniciante, cole nesse pessoal. Eles conhecem cada pedra e adoram compartilhar histórias.
Mais Que Uma Trilha: Uma Filosofia de Vida
Depois de algumas subidas, você percebe que a Trilha da Urca é mais que um exercício físico. É uma forma de se reconectar com a cidade de uma maneira mais visceral. Enquanto no bondinho você é um espectador, na trilha você é protagonista.
É interessante como essa experiência muda sua relação com o Rio. Você passa a ver a cidade não apenas como um cenário, mas como um organismo vivo que pode ser explorado, conquistado, compreendido de formas diferentes.
A trilha também te coloca em contato com uma comunidade específica: aqueles cariocas que escolheram a cidade como playground natural. São pessoas que transformaram a rotina urbana em aventura, que encontraram formas criativas de se exercitar sem academia, que descobriram que o Rio oferece experiências incríveis para quem está disposto a suar um pouco.
O Retorno: Descendo pelo Bondinho (Ou Não)
Aqui está uma das decisões mais interessantes da experiência: como descer? Você pode voltar pela trilha – o que é mais desafiador para os joelhos, mas mantém a coerência da aventura. Ou pode "trapacear" e descer de bondinho, tendo uma perspectiva diferente da descida.
Pessoalmente, acho que descer de bondinho pelo menos uma vez é parte da experiência completa. É como ver o filme e depois ler o making of.
Uma Provocação Final
No final das contas, a Trilha da Urca é uma metáfora perfeita para o Rio de Janeiro: existe uma forma fácil e cara de chegar onde você quer, e existe uma forma que exige mais esforço mas te dá uma compreensão mais profunda do caminho.
Qual você escolhe diz muito sobre como você enxerga não apenas a cidade, mas a vida.
Agora me diz: você é do tipo que pega o bondinho ou encara a trilha? E mais importante: que outras "trilhas" você deixou de explorar na sua própria cidade por achar que só existia o caminho óbvio?
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